Antônio Carlos & Jocafi reciclam lados B dos anos 1970 em EP com batida afro funk

Disco gravado pela dupla com orquestra carioca sai dois meses antes do álbum feito pelos artistas baianos com Russo Passapusso e previsto para novembro.

Antônio Carlos & Jocafi reciclam lados B dos anos 1970 em EP com batida afro funk

Capa do EP 'Afro Funk Brasil', de Antônio Carlos & Jocafi com Orquestra Violões do Forte de Copacabana — Foto: Arte de Filipe Cartaxo

Capa do EP 'Afro Funk Brasil', de Antônio Carlos & Jocafi com Orquestra Violões do Forte de Copacabana — Foto: Arte de Filipe Cartaxo

Resenha de EP

Titulo: Afro Funk Brasil

Artistas: Antônio Carlos & Jocafi com Orquestra Violões do Forte de Copacabana

Edição: Altafonte

Cotação: ★ ★ ★ ★

♪ Enquanto aguardam o lançamento em novembro do álbum Alto da Maravilha, gravado com Russo Passapusso e com músicas inéditas, Antônio Carlos & Jocafi reciclam lados B da discografia da dupla na década de 1970 em EP assinado com a Orquestra Violões do Forte de Copacabana.

Também editado em vinil, com capa que expõe arte de Filipe Cartaxo (criador da identidade visual da BaianaSystem), o EP Afro Funk Brasil aporta nos aplicativos de música na sexta-feira, 23 de setembro, com abordagens de seis composições de autoria desses artistas baianos que, reunidos em dupla, ganharam projeção nacional nos anos 1970.

Como o título Afro Funk Brasil já sinaliza, Antônio Carlos & Jocafi reapresentam as seis músicas em gravações que combinam a batida vintage do funk da década de 1970 – nítida em Kabaluerê (1971), faixa que abre o disco – com afrobeats, especialmente pulsantes em Chamego de Iná (1971), música até então esquecida no lado B de single editado com o sucesso Desacato (1971) no lado A.

Como o samba sempre sobressaiu no cancioneiro de Antônio Carlos & Jocafi, o EP pode soar inusitado. Só que, a rigor, o suingue afro-brasileiro sempre esteve entranhado em boa parte do repertório da dupla, muito influenciada pelo som do Candomblé.

Lançado em outubro do ano passado, como primeira amostra do EP, o single Simbarerê turbinou música que já tinha sido (muito) bem gravada pela dupla em álbum de 1972.

Gravado com produção musical e arranjos de Luiz Potter, o EP injeta pressão no som de Antônio Carlos & Jocafi, evocando o balanço dos bailes blacks, como mostra a abordagem de Glorioso Santo Antônio (1973), iniciada com coro sacro que dá pista falsa do tom do registro.

Quem vem lá (1971) parte do toque da capoeira para combinar o suingue afro-funk com a batida do rock, evocada pela guitarra de Luiz Potter.

 

Para dar forma às seis músicas, instrumentistas como Boka Reis (percussão), Marcelo De Lamare (teclados e beat) e Wesley Lucas (bateria) se juntaram à orquestra carioca que, diferentemente do que faz supor o nome, é calcada nos sopros e na percussão.

Única música inédita dentre as seis composições do EP, Ogun Ni Lê foi gravada pela dupla com a adesão de Russo Passapusso, a quem coube batizar o disco de Afro Funk Brasil.

Ogun Ni Lê desloca o disco mais explicitamente para a Bahia preta, terra natal de Antônio Carlos & Jocafi, com a força do baticum afro-baiano, uma das matérias-primas de cancioneiro que vem se renovando a partir da recente parceria dos artistas com Passapusso, admirador da dupla.

Que venha, pois, o álbum Alto da Maravilha !

Antônio Carlos & Jocafi apresentam a música inédita 'Ogun Ni Lê', gravada com Russo Passapusso, no EP 'Afro Funk Brasil' — Foto: William Thompson / Divulgação

Antônio Carlos & Jocafi apresentam a música inédita 'Ogun Ni Lê', gravada com Russo Passapusso, no EP 'Afro Funk Brasil' — Foto: William Thompson / Divulgação

 

Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2022/09/19/antonio-carlos-and-jocafi-reciclam-lados-b-dos-anos-1970-em-ep-com-batida-afro-funk.ghtml