Mallu Magalhães faz a festa ao trazer o show do álbum 'Esperança' para o Rio às vésperas dos 30 anos
Em turnê pelo Brasil, artista expõe no palco do Teatro Casa Grande o poder aliciante de repertório autoral que cresceu ao longo da última década e que transita com bossa pelo balanço do samba.
Resenha de show
Título: Esperança
Artista: Mallu Magalhães
Local: Teatro Casa Grande (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de agosto de 2022
Cotação: ★ ★ ★ ★ ½
♪ Paulistana nascida em 29 de agosto de 1992, Mallu Magalhães faz 30 anos na segunda-feira. Artista que cresceu aos olhos e ouvidos do público por ter sido projetada na internet aos 15 anos, em 2007, Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães se tornou um dos grandes nomes da música pop brasileira ao longo dos anos 2010.
Perceptível em álbuns como Vem (2017) e o recente Esperança (2021), mote do corrente show que trouxe Mallu de Portugal para o Brasil neste mês de agosto de 2022, o crescimento artístico da cantora, compositora e instrumentista ficou visível no palco do Teatro Casa Grande, iluminado nos tons elegantes da turnê.
Após ter sido apresentado em Portugal e de ter chegado ao Brasil dentro da programação de festival de Fortaleza (CE), o show calcado no álbum Esperança aportou na cidade do Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 25 de agosto.
Embora as falas repetitivas e titubeantes da cantora em cena tenham evocado a adolescente tímida revelada com a canção Tchubaruba (2007), a sonoridade e o repertório autoral do show – orquestrado com direção musical, roteiro (bem alinhavado) e cenário da própria Mallu – atestaram a evolução da artista, como se ainda fosse preciso.
E o fato é que Mallu fez a festa para toda a gente que encheu a plateia do Teatro Casa Grande. Após a cantora iniciar o bis com Você não presta (2017) e sair de cena após reviver Mais ninguém (2014), hit extasiante da Banda do Mar, o entusiasmado público exigiu um segundo bis, feito com Me sinto ótima (2014), outro sucesso do primeiro e por ora único álbum do trio formado por Mallu em Lisboa com Marcelo Camelo – companheiro da artista na vida e na música – e com o baterista Fred Pinto Ferreira.
O português Fred – ou Fredinho, como Mallu o apresentou à plateia quase ao fim da apresentação – é um dos dois músicos que dividem o palco do show Esperança com a cantora que, por ser também multi-instrumentista, tocou guitarra no show, com exceção de curto set solitário de voz e violão em que a artista cantou Me gustas tu (2011) – canção em espanhol de Manu Chao já recorrente nos roteiros dos shows da artista – e Quando você olha pra ela (2018), música feita para Gal Costa, como a compositora ressaltou em cena, com justificado orgulho.
O outro músico é o pianista Claudio Andrade, o Claudinho, com quem Mallu ficou sozinha ao dar voz à canção Será que um dia (2017) com o canto evoluindo para registro de intensidade crescente e atípica na trajetória dessa artista de tons suaves.
Mallu Magalhães toca guitarra no show 'Esperança' — Foto: Mauro Ferreira / g1
Entrosado, o trio envenenou o balanço da bossa no samba Barcelona (2021), e procurou emular o suingue do samba-rock de Jorge Ben Jor em Deixa a menina (2021), música gravada por Mallu com Preta Gil no álbum Esperança.
Na sequência, Sambinha bom (2011) reforçou a recorrência da cadência bonita do gênero no repertório de Mallu e na primeira parte do roteiro, aberto em atmosfera climática com canção, Fases da lua (2021), de beleza mais bem iluminada por Fernanda Porto na gravação do recém-lançado álbum Contemporâne@.
E por falar em contemporaneidade, Mallu lançou mão de sonoridade moderna (mas jamais modernosa) para erguer Casa pronta (2016), percorrer com bossa o itinerário de Guanabara (2017), mandar o recado de bem-viver para a filha Luísa através dos versos de Enjoy the ride (2021) e exprimir a felicidade de As coisas (2021), também enfocada em Cena de cinema (2015), take luminoso de show que escancarou o alto poder de sedução do recente repertório autoral de Mallu Magalhães.
Como resistir à onda de surf rock que se ergueu no show quando Mallu cantou I'm ok (2021)? Como resistir ao amor de lero-lero que voa lépido no samba Quero-quero (2021)? Como não cair no suingue de América Latina (2021)?
Mesmo que tivesse aberto mão de hits como Velha e louca (2011), canção de Pitanga (2011), álbum que sinalizou há onze anos o desabrochar dessa compositora dona de obra pautada pela leveza, Mallu Magalhães teria feito a festa no palco do Teatro Casa Grande somente com as músicas autorais dos dois últimos álbuns.
Já é visível a grandeza do cancioneiro de Mallu Magalhães, artista que ainda nem chegou aos 30 anos...
Mallu Magalhães canta 20 músicas no show 'Esperança' — Foto: Mauro Ferreira / g1
♪ Eis as 20 músicas do roteiro seguido por Mallu Magalhães em 25 de agosto na estreia carioca da turnê do show baseado no álbum Esperança (2021) no Teatro Oi Casa Grande, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):
1. Fases da lua (Mallu Magalhães, 2021)
2. Barcelona (Mallu Magalhães, 2021)
3. Deixa a menina (Mallu Magalhães, 2021)
4. Sambinha bom (Mallu Magalhães, 2011)
5. Casa pronta (Mallu Magalhães, 2016)
6. Guanabara (Mallu Magalhães, 2017)
7. Enjoy the ride (Mallu Magalhães, 2021)
8. Pé de elefante (Mallu Magalhães, 2021)
9. Me gustas tu (Mano Chao, 2001)
10. Quando você olha pra ela (Mallu Magalhães, 2018)
11. Será que um dia (Mallu Magalhães, 2017)
12. As coisas (Mallu Magalhães, 2021)
13. Cena de cinema (Mallu Magalhães, 2021)
14. I'm ok (Mallu Magalhães, 2021)
15. América Latina (Mallu Magalhães, 2021)
16. Quero-quero (Mallu Magalhães, 2021)
17. Velha e louca (Mallu Magalhães, 2011)
Bis:
18. Você não presta (Mallu Magalhães, 2017)
19. Mais ninguém (Mallu Magalhães, 2014)
Bis 2:
20. Me sinto ótima (Mallu Magalhães, 2014)
Mallu Magalhães no palco elegantemente iluminado do Teatro Casa Grande na estreia carioca do show 'Esperança' — Foto: Mauro Ferreira / g1
Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2022/08/26/mallu-magalhaes-faz-a-festa-ao-trazer-o-show-do-album-esperanca-para-o-rio-as-vesperas-dos-30-anos.ghtml