Rio é a primeira capital a vacinar crianças de 3 e 4 anos contra a Covid
Imunização começou nesta sexta (15) com carioquinhas de 4 anos. Prefeito Eduardo Paes não esperou o aval do Ministério da Saúde e baseou sua decisão na liberação pela Anvisa.
O Município do Rio começou nesta sexta-feira (15) a vacinar crianças de 3 e 4 anos contra a Covid com a CoronaVac. É a primeira capital brasileira a imunizar esses pequenos. Carioquinhas de 4 anos recebem a dose primeiro — os de 3, a partir de quarta (20).
O prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou essa etapa do calendário em suas redes sociais no fim da manhã desta quinta (14). Ele não esperou o aval do Ministério da Saúde e baseou sua decisão na liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) .
“A decisão foi de iniciar para não perder tempo”, disse Márcio Garcia, superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
"A gente tem a oportunidade e tem que se vacinar", afirmou a geógrafa Ana Moretti, que trouxe a filha, Clarice, de 4 anos, para ser vacinada. A menina foi a primeira a ser imunizada contra a Covid no Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea.
A mãe veio com uma camiseta com a marca do Sistema Único de Saúde (SUS) para valorizar os profissionais envolvidos no trabalho.
"A gente valoriza muito o trabalho dos profissionais. As crianças acordam cedo mesmo de férias porque é importante vacinar", disse Clarice.
Hoje a prefeitura tem cerca de 100 mil doses de CoronaVac nos estoques.
De acordo com o superintendente, isso representa mais ou menos a metade do necessário para vacinar toda a população de 3 e 4 anos na cidade do Rio, de 170 mil carioquinhas.
No Rio, quase 3,5 milhões de cariocas estão com pelo menos uma dose atrasada.
Lote da vacina CoronaVac para crianças em Alagoas — Foto: Carla Cleto/Sesa
Calendário atualizado no Rio
- Sexta (15): 4 anos
- Sábado (16): 4 anos
- Segunda (18): 4 anos
- Terça (19): 4 anos
- Quarta (20): 3 anos
- Quinta (21): 3 anos
- Sexta (22): 3 anos
- Sábado (23): 3 anos
Calendário da vacinação de crianças de 3 e 4 anos no Município do Rio — Foto: Reprodução
Um dia após a Anvisa liberar
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quarta-feira (13) a autorização de uso emergencial da CoronaVac em crianças de 3 a 5 cinco anos. O Ministério da Saúde ainda não tinha avalizado o uso do imunizante nesta faixa etária até a última atualização desta reportagem.
Nesta quarta, logo após aprovação da Anvisa, o Instituto Butantan anunciou que pediu que a CoronaVac fosse incluída no Programa Nacional de Imunizações para essas crianças. A entidade ainda aguarda o Ministério da Saúde para saber se vai importar as vacinas prontas ou se importará o insumo para envasar no Brasil.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quinta-feira (14) que a pasta iria avaliar até segunda-feira os dados da decisão da Anvisa.
A situação pelo país
Vão aguardar o Ministério da Saúde:
- Acre
- Alagoas
- Amapá
- Amazonas
- Ceará
- Distrito Federal
- Espírito Santo
- Minas Gerais
- Mato Grosso
- Mato Grosso do Sul
- Pará
- Paraíba
- Pernambuco
- Piauí
- Paraná
- Rio Grande do Norte
- Rondônia
- Roraima
- Rio Grande do Sul
- Santa Catarina
- Sergipe
- São Paulo
- Tocantins
Sem previsão:
Bahia
Goiás
Maranhão
Carioca, você está em dia?
Dose inicial (D1)
- Pessoas com 3 anos ou mais que ainda não se vacinaram.
Segunda dose (D2)
- Pessoas com 5 anos ou mais que tomaram, na primeira dose, as vacinas CoronaVac, Pfizer ou AstraZeneca, de acordo com a data marcada no comprovante.
Primeira dose de reforço (DR1)
- Pessoas com 12 anos ou mais, com intervalo de 4 meses após a segunda dose;
- Pessoas com 18 anos ou mais que tomaram Janssen na dose inicial devem tomar o primeiro reforço 2 meses depois da primeira dose.
Segunda dose de reforço (DR2)
- Pessoas com 40 anos ou mais, com intervalo de 4 meses após a primeira dose de reforço;
- Trabalhadores da saúde com 18 anos ou mais, com intervalo de 4 meses após a primeira dose de reforço;
- Pessoas com 18 anos ou mais que tomaram Janssen na dose inicial, com intervalo de 4 meses após a primeira dose de reforço.
Terceira dose de reforço (DR3)
- Pessoas com 40 anos ou mais que tomaram Janssen na dose inicial, com intervalo de 4 meses após a segunda dose de reforço.
Veja, abaixo, perguntas e respostas sobre a imunização das crianças de 3 a 5 anos:
- A vacina é a mesma usada em adultos?
- Qual o intervalo entre as doses?
- Há registro de reações?
- Por que é importante vacinar essa faixa etária?
- Quais vacinas estão liberadas para o público infantil no Brasil?
- Quais países aplicam CoronaVac em crianças de 3 a 5 anos?
- O que dizem os estudos?
A vacina é a mesma usada em adultos?
Sim. Crianças de 3 a 5 anos receberão a mesma dose que hoje é aplicada nas faixas etárias de 6 a 17 anos e nos adultos.
Qual o intervalo entre doses?
O esquema é o mesmo recomendando para outras faixas etárias: duas doses aplicadas em um intervalo de 28 dias.
Ainda não há estudos sobre mix de vacinas — a vacinação heteróloga. A orientação é tomar duas doses do mesmo imunizante.
Há registro de reações?
Segundo os resultados de estudos de Farmacovigilância Ativa da Anvisa, não foi registrado nenhum evento adverso grave relacionado ao uso da vacina em crianças de 6 a 17 anos.
A agência também apresentou dados internacionais de segurança da vacina CoronaVac na faixa etária de 2 a 7 anos: 79% das notificações de eventos adversos pós-vacinação foram considerados não greves.
"NENHUM óbito foi relacionado à vacina CoronaVac desde o início da vacinação no Brasil, tanto em crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos, quanto na faixa acima de 18 anos", reforçam os técnicos da Anvisa.
Profissional da saúde com frasco da vacina CoronaVac em Porto Alegre — Foto: Leonardo Rosito/PMPA
Por que é importante vacinar essa faixa etária?
Um levantamento feito pelo Observatório da Primeira Infância, coordenado por pesquisadores do Laboratório de Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou que o Brasil registrou, em média, duas mortes de crianças menores de 5 anos por dia desde o início da pandemia, em 2020.
"Os menores de 5 anos no país ainda respondem por uma quantidade muito grande de casos. Quando vamos vacinando os mais velhos há um desvio natural da faixa etária do número de infecções para os mais novos ainda não vacinados", alerta Renato Kfouri, pediatra infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunização.
Ele ressalta que também é muito importante aguardar a autorização de outras vacinas para bebês a partir de 6 meses.
"Temos duas crianças por dia, menores de 5 anos, morrendo de Covid, quase 50% no primeiro ano de vida. Nenhuma outra doença prevenível e evitável fez esse tamanho impacto na saúde. É necessário que vacinemos", completa o infectologista e pediatra.
"A doença é menos grave nas crianças, mas não significa que não traga risco de hospitalização e morte", avaliou Marco Aurélio Sáfadi, infectologia e presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, durante a apresentação do seu parecer na reunião da Anvisa.
Sáfadi defendeu que estender a vacinação para esse grupo é uma estratégia importante para diminuir carga de hospitalizações e mortes dessas crianças.
"Até o momento no país já registramos mais de 12 mil hospitalizações e 952 mortes atribuídas a Covid19 nessa faixa etária", relembrou.
Meiruze Freitas, diretora da Anvisa e relatora do processo, acrescentou, durante a aprovação, que vacinar crianças de 3 a 5 anos contra Covid-19 pode ajudar a evitar que elas fiquem gravemente doentes, se contraírem o vírus.
"A vacinação de crianças também pode ajudar as famílias, proporcionando maior confiança aos pais cujos filhos frequentam creches, escolas e outras atividades. Assim, mesmo considerando as limitações e incertezas relatadas pela área técnica, permitir que os gestores de saúde façam a avaliação do real custo-efetividade de se usar a CoronaVac, bem como o direito dos pais que desejam vacinar seus filhos, passa pelo escopo dessa avaliação", disse.
Quais vacinas estão liberadas para o público infantil no Brasil?
A vacinação infantil no Brasil contra a Covid-19 começou no dia 14 de janeiro.
Duas vacinas contra Covid-19 estão autorizadas no Brasil: a vacina da Pfizer, a partir de 5 anos, e a vacina CoronaVac, a partir de 6 anos. A decisão da Anvisa autoriza a ampliação do uso da CoronaVac, mas ainda falta o aval do Ministério da Saúde.
A conclusão foi tirada com base em informações da Sinovac, Butantan, pareceres de sociedade médicas, dados científicos e pesquisas feitas no Chile, onde crianças dessa idade já são vacinadas com CoronaVac desde o ano passado.
Segundo a Anvisa, estudos indicam que a CoronaVac gerou até quatro vezes mais anticorpos contra a Covid-19 no grupo de 3 a 5 anos do que em adultos.
Quais países aplicam CoronaVac em crianças de 3 a 5 anos?
A CoronaVac já é usada ou foi autorizada em crianças de diferentes faixas etárias em pelo menos cinco países e em Hong Kong:
- Camboja: começou a vacinar crianças a partir dos 5 anos em novembro
- Chile: aprovada para crianças a partir dos 3 anos em setembro
- China: já começou a aplicar a vacina em crianças a partir dos 3 anos
- Colômbia: começou a aplicar a vacina em crianças de 3 a 11 anos em 31 de outubro
- Equador: aprovada para crianças de 5 a 11 anos em outubro
- Hong Kong: aprovada para crianças a partir dos 3 anos em novembro. A previsão era de que crianças a partir de 5 anos começassem a ser vacinadas nesta semana
O que dizem os estudos?
A decisão da Anvisa atesta que a CoronaVac é segura e eficaz para crianças de 3 a 5 anos. Diminui mortes, hospitalizações e circulação do vírus.
"Essa vacina atende aos critérios necessários de qualidade e segurança para o uso em crianças. Ainda que a eficácia seja limitada, os dados indicam que o uso da CoronaVac pode ajudar na prevenção de agravamento e óbitos por Covid-19, para o uso emergencial na população pediátrica de 3 a 5 anos", disse Meiruze Freitas.
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/07/15/rio-comeca-a-vacinar-criancas-de-3-e-4-anos-contra-a-covid-nesta-sexta-feira.ghtml