Senadora critica misoginia na política e cobra paridade de gênero

Novembro 16, 2025 - 22:20
Senadora critica misoginia na política e cobra paridade de gênero
Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press.

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) deu um panorama dos desafios enfrentados pelas mulheres na política e cobrou maior presença feminina em cargos de poder.

Soraya lamenta que a política ainda seja um ambiente hostil para as mulheres. “Quando você adentra no mundo do poder, você sofre — e não é pouco. Não é pouco porque os poucos homens que dominam todo o meio com muita misoginia nos atrapalham, conseguem nos brecar”, disse. Conforma enfatizou, a presença feminina em debates e eventos políticos ainda é tratada com superficialidade.

“No mês de março (o mês das mulheres, com a celebração do Dia Internacional da Mulher no dia 8), as reuniões deveriam estar repletas de parlamentares homens. Mas estão todas repletas de mulheres. Estamos falando para nós mesmas”, criticou.

“Em 2018, quando eu fui eleita senadora, a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, com 24 cadeiras, ali não sentou nenhuma mulher. Minha eleição foi um fenômeno. A maioria dos meus seguidores era homens e a presença física nas reuniões de campanha era 90% de homens. Então, agradeço aos homens por estar aqui”, afirmou.

A senadora também apontou o que considera uma estratégia de exclusão na distribuição de relatorias no Congresso. “Geralmente nos indicam relatoras de pautas que, eminentemente, eles entendam ser femininas. Pauta sobre saúde é seriíssimo, mas não é uma pauta só feminina. Pauta sobre violência contra a mulher deve ser discutida por homens conscientes. Enquanto nos distraímos com essas pautas, eles estão cuidando do que interessa: do poder, da economia e do orçamento”, frisou.

A parlamentar classificou o ambiente político como “inóspito” e “hostil”. E deixou claro que o exercício do mandato no Senado exige sacrifícios pessoais. “Estou sem ver meu marido, sem pisar na minha casa há 15 dias, mais ou menos. E vou ficar mais uma semana assim. A nossa jornada é de 7 por 0”, lastimou.

“Para a gente ter condição de sermos no mínimo respeitadas, temos de estudar em dobro. As mulheres negras, o quíntuplo. Só assim nos respeitam”, disse.

Soraya também criticou a lentidão do Congresso na tramitação de projetos voltados à pauta feminina. “Diante de 21 projetos de lei, só um chegou na Câmara — e não está tramitando. Os outros, simplesmente, dormitam”, lamenta.

Ao final, a senadora lembrou a tentativa de retirada da cota de 30% das candidaturas femininas na reforma eleitoral. E reafirmou a defesa que faz da paridade. “ (O senador) Marcelo Castro (MDB-PI) trabalhou no sentido de retirar a nossa cota de 30%. Fiz uma emenda pedindo que acolhesse a paridade de verdade no Legilsativo: 50% homens e 50%, mulheres. Simples assim”, frisou.

Fonte: Correio Braziliense